2009-11-10

Armadilhas e pistolas insandecidas



Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Um grito cortava a noite, ele vinha no seu cavalo, já avistava a cidade a algum tempo, acompanhara os trilhos até a estação de trem. Foi quando ouviu o grito.
Pareciam duas cidades, uma um reflexo distorcido da outra, divididas pelos trilhos do trem. Uma em crescimento, pulsando energia, algumas pessoas vinham cambaleando, vítimas da diversão da noite, de um bom dinheiro gasto nos braços de uma dama da noite. A outra era maior, mas parecia um fantasma futuro daquela cidade pulsante, com casas um pouco melhores e mais fortes, mas completamente abandonada, coberta por uma neblina macabra, e era dela que o grito vinha.
Ele não podia suportar aquilo, parecia que uma dama estava em perigo, e em um grande perigo, por que o grito cortava a cidade toda. Ele começou a se encaminhar na direção da cidade "reflexo-fantasma", enquanto olhava pros transeuntes da "cidade-viva", parecia que eles não ouviam o grito, ou não viam a cidade, parecia que simplesmente ignoravam aquilo tudo. Provavelmente o álcool, pensou ele.
Foi adentrando na cidade, era um indivíduo não muito acostumado a sentir medo. Um homem grande, forte como um búfalo, tão grande como um também. Se alguém estivesse fazendo mal a alguma moça, este alguém é que sentiria medo.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Outro grito, ele sacou a arma, ia atento a tudo na volta. Foi quando viu as jaulas, rodeando uma casa, algumas abertas, outras fechadas, mas todas completamente vazias. Deu uma olhada mais a fundo na casa, foi quando aquilo o assustou. Uma mão bateu na janela, uma mão cinza esverdeada, unhas grandes, que mais pareciam garras, arranharam o vidro enquanto a mão escorria pela janela, a porta da casa se abriu, as portas das jaulas começaram a bater desenfreadamente.
Tentou sair dali, subitamente sua arma disparou, sozinha, como se estivesse possuída por uma força demoníaca. Mais um tiro, o cavalo se assustou, empinou e o derrubou no chão, se levantou pra pegar o seu cavalo e ir embora, voltaria assim que amanhecesse com mais gente pra encontrar a moça. Mas quando se aproximava do cavalo uma rede voou de dentro da casa. Ele lutou contra a rede, forçava, na esperança de quem quer que estivesse na outra ponta desse cabo-de-guerra tivesse menos força que ele, o que era comum, mas não adiantava, quem quer que estivesse lá dentro, não permitia que ele se mexesse, muito pelo contrario, o forçava a andar na direção da casa.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Outro grito cortou a noite.
Desta vez não era o de uma moça...

1 comentários:

Ju Blasina disse...

E eis que lá estava aquele filhote de búfalo sagrado, enredado e "à espera de um milagre!" *risos

Postar um comentário

Obrigado por participar.